Alex Steffen

Desastrado

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Até que era bem intencionado, porém sempre que colocava em prática o que pretendia algo de equivocado acontecia.

Era manhã de sábado e ele pensava em surpreender a musa de seus sonhos. Realmente surpreendeu.

Ligou para um produtor de flores e encomendou um cesto de pétalas de rosas. Levou a sua encomenda até a cobertura do prédio onde ela morava e ficou a espreita, querendo lançar flores em seu caminho quando ela pela porta saísse. Fora dado o sinal de alerta por seu fiel escudeiro: era ela saindo porta a fora. Atrapalhado e nervoso, esbarrou com a barriga no cesto e não teve forças para segurá-lo. Lá embaixo ela caminhava, sem perceber o que poderia acontecer, pois do alto do quinto piso desabavam as rosas, o cesto, enfim, tudo. Ela percebeu algumas pétalas caindo sobre ela e imaginou ser uma surpresa, e realmente foi, dois segundos após ela estava ao chão, atordoada, sem entender nada. Um peso grande e um impacto ainda maior a havia jogado ao solo tendo ficado desacordada por alguns momentos. Foi tempo suficiente para que ele descesse correndo as escadarias, tendo o seu fiel escudeiro tomado a primeira providência: sumir com o cesto. Ele ali estava, com o corpo de sua amada estirado na calçada em meio a milhões de pétalas. Quando ela acordou se viu em meio a cena inusitada e com uma tremenda dor de cabeça suspirou ao perceber que estava sendo carregada no colo.

Ele queria rumar ao hospital, afinal, poderia ela ter tido algum trauma devido ao impacto. A casa de saúde ficava não mais que cem metros distante dali e assim a levaria sobre os braços até lá. Mas, o azar voltou a cruzar o seu caminho. Caminhava rápido e com os olhos fixos em seu decote sem perceber que a sua frente havia um obstáculo. Diria Drummond, havia uma pedra no meio do caminho, mas ele não viu, tropicando e caindo em um canteiro de rosas (que muito bem poderia ser chamado de recanto de espinhos). Estavam ambos sangrando, com hematomas e arranhões pelo corpo, sendo socorridos por transeuntes menos desastrados. Foram levados ao hospital e ali, durante três horas estavam na sala de recuperação, lado a lado. Ela, ainda tonta, sem entender o que lhe atingira a cabeça e ele, tonto por natureza, imaginando como poderia cuidar das feridas que sua amada tinha.

Passados seis meses ela não entendeu o que lhe atingiu e ele não mais ousou cruzar seu caminho, pois era mandinga demais para um homem só. Precisava, urgentemente, de uma solução para o seu problema e assim tratou de se curar, antes que ficasse viúvo de seu amor, antes mesmo de casar.

Ela, ainda assim, o observava de longe com ares de protegida suspirando: meu herói!

Se a história irá render, bom, isso não se sabe, mas que mais desastre poderão ocorrer, isso dúvida não há… o restante conto depois.

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