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Doutor Paulo recebe homenagem em Vale Real

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Há duas semanas Liceu Paulo Caye foi homenageado no Vale Real, município que é filho de Feliz. E nada mais justo que render homenagem ao prefeito, dos tempos que antecederam a emancipação, que indiretamente foi papai de incontáveis pessoas do Vale do Caí.
Depois de 10 anos sem ser promovido, o evento que concede às personalidades que trabalham em favor de Vale Real, a câmara de vereadores local realizou nova edição da Comenda Kronenthal, felicitando pessoas como professor Colling e o médico Liceu Paulo Caye.
Quem é o cidadão Caye?
Mudar os rumos da vida, de mala e cuia, parecia destino para o garoto Liceu Paulo Caye. Afinal, com três meses de vida apenas, foi no colo dos pais para Lajeado, deixando no passado a cidade de Santa Cruz do Sul, sua terra natal.
Quando crescia em sabedoria decidiu mudar-se para Porto Alegre em busca de sua formação profissional. Queria mesmo era ser médico e foi estudar na Universidade de Federal do Rio Grande do Sul, sendo um dos alunos de melhor nota entre todos os seus colegas. Poderia ter ido trabalhar nos Estados Unidos, tal era o seu destaque entre a turma, todavia o seu desejo era voltar para Lajeado para exercer ali a sua profissão. Mas quis o destino que uma nova mudança de endereço ocorresse, desta vez definitiva.
Ia-se o ano de 1968 e o jovem médico era convidado para vir à cidade de Feliz, para substituir Théo Tássilo Schlatter em suas férias que iriam durar 60 dias. Era garoto de vinte e poucos anos mas sabia muito bem o que queria da vida.
Em primeiro momento, assustou-se ao ver que na cidade de Feliz. Água potável não havia, a energia elétrica era insuficiente e a telefonia ultrapassada. A realidade do jovem que estudara em Porto Alegre era bem diferente agora, pois Feliz não tinha nem ao menos acesso asfáltico. O que seriam apenas dois meses de trabalho se tornou dois anos, duas décadas, enfim, uma vida. Foi na cidade de Feliz que casou com Magdalena Müller e teve seus filhos, Carlos e Luiza. Foi também neste recanto interiorano que ajudou a por no mundo milhares de crianças, não se importando se as pessoas tivessem dinheiro ou não para os atendimentos necessários. Antes de mais nada, Doutor Paulo era humano, e assim foi aceito na cidade de Feliz como se dela fosse filho nato.
Os anos se passaram e, em 1982, formou, com Clóvis Assmann, a chapa vitoriosa no pleito eleitoral assumindo um novo desafio em sua vida: ser prefeito de uma cidade com pouca infraestrutura básica. Acumulando as tarefas de médico com as de prefeito, o desafio foi vencido com muito trabalho. Seu dia parecia ter mais do que 24 horas, tanto que alguns se perguntavam, “mas quando é que este homem descansa?”. Empresas foram atraídas para a cidade e para o interior, luz, água e telefonia não eram mais um sonho, mas sim uma realidade. Durante seis anos geriu o município com a sabedoria que lhe foi concedida por Deus e aprimorada durante a vida.
Em 1992 voltou a concorrer e vencer, sendo eleito prefeito pela segunda vez. Desta vez tendo por vice-prefeito Pedro Martini Neto. Naquele mandato de quatro anos, primou por obras nos setores de saúde e educação, para abranger as mais diversas comunidades. Foi neste período em que Feliz não era mais tão grande – Vale Real, Alto Feliz e Linha Nova haviam se emancipado – que cresceu muito a autoestima do povo e as empresas locais pareciam cada vez mais pujantes.
Em 2001, na entrada do novo milênio, lá estava o mesmo Doutor Paulo, não mais com o vigor do primeiro mandato, mas ainda eficaz. Apesar de ainda dividir o seu tempo entre prefeitura e hospital (que estava em situação muito precária). Traçou prioridades para o seu mandato, já que Feliz estava mergulhada em séria crise econômica após o fechamento das gigantes Parmalat e Antárctica, alguns anos antes. Com muita labuta e ajuda de sua equipe de trabalho, no qual o vice-prefeito era Darcísio Inácio Braun, conseguiu dar dinamismo à administração, procurando pagar as muitas dívidas pendentes ao longo das décadas. Terminou o seu mandato com a aquisição e a equipagem do prédio do Hospital Schlatter, como também com a implantação da Hidrojet, que hoje é uma das mais importantes indústrias da região.
Ainda na vida pública, Liceu Paulo Caye foi presidente do Corede Vale do Caí e da Amvarc, tendo tomado a frente de vários empreendimentos de grande importância no desenvolvimento regional e até mesmo estadual. Ponderado e de poucas palavras – porém precisas – o Doutor Paulo tem um grande número de amigos e seguidores e é reconhecido por tudo o que fez por uma cidade.
Caye, viúvo de Magdalena, hoje é casado com Susana Ludwig com a qual tem a filha Amanda. Vive na cidade de Feliz e continua o seu ofício de médico, tendo no coração uma certeza: É nascido em Santa Cruz do Sul (em 17 de maio de 1942 sendo filho de Carlos Armindo e Olmira Ludwina Caye), criado em Lajeado, formado em Porto Alegre, mas tem na Feliz a sua terra, o seu cantinho, o seu lar.
Um dos seus grandes orgulhos, como médico, é ter sido pai de muitos e muitos felizenses, e mais, é ser pai de uma médica, Luiza, que pode seguir o seu legado.

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